terça-feira, 17 de julho de 2018

O  ALFABETO  HEBRAICO

   Olá pessoal! Nesse post vou falar um pouco sobre as letras do alfabeto hebraico.
   Dentro do ocultismo em geral as letras não são consideradas apenas símbolos que representam sons usadas para registrar textos, muitos significados costumam serem atribuídos a cada letra e inclusive um valor numérico. É muito comum no ocultismo os chamados "alfabetos mágicos" são caracteres que não costumam serem usados em textos distribuídos ás massas, mas, usados com propósitos específicos e geralmente a correspondência ás letras latinas só é conhecido do próprio ocultista, mas, muitos são bem populares e conhecidos como o chamado "alfabeto de Paracelso" (também chamado "alfabeto de Cagliostro" ou "alfabeto dos magos") o "alfabeto celestial" e "alfabeto de passagem do rio" (todos encontrados em versões atuais da "Clavícula de Salomão"). Cada símbolo tem sua "carga" sua "vibração" própria e alguns alfabetos são considerados mais adequados para se fazer certas inscrições com propósitos magísticos, são alfabetos especiais. Nem sempre é possível encontrar letras do nosso alfabeto latino que sejam equivalente as letras de outros alfabetos, por isso os tradutores costumam colocar letras latinas que eles acham que mais se parecem. A importância "magística" das letras é claramente vista na tradição nórdica, as chamadas "runas" as letras usadas pelos povos escandinavos eram consideradas mais do que símbolos para escrita. No mito de Odin o líder do panteão nórdico se submeteu espontaneamente a um sacrifício ficando nove dias e nove noites pendurado no topo da árvore do universo "Yggdrasil", após isso ele recebeu o conhecimento das runas, elas surgiram para ele e ele as agarrou e trouxe aos homens como um presente. Em certas narrativas Odin "recita" as runas para realizar um encantamento, qualquer semelhança com o uso das letras hebraicas para usos magísticos como no livro "Sefer Yestsirá" pode não ser mera coincidência. 
   Falando especificamente sobre as letras hebraicas, as usadas atualmente são 22. Não existem vogais na gramática hebraica, todas são consoantes, o que as faz ter som de vogal são pontos específicos colocados nelas. Quatro delas são consideradas "letras duplas" pois tem uma forma no início ou meio das palavras e outra forma quando são colocadas no fim das palavras são as letras "mem", "num", "tdsadik", "phê" e "caf". Informações mais aprofundadas sobre as letras hebraicas podem ser encontradas no meu livro "O Conhecimento da Cabala" link á direita do blog. As 22 letras hebraicas em suas formas usadas atualmente:

   Muitos interpretam uma passagem do Evangelho em que Jesus diz que nem um "jota" será mudado das escrituras, mas na verdade ele está se referindo a letra "iod" que como o leitor pode ver na gravura acima é a menor letra desse alfabeto se parecendo com um pequeno acento flutuante e dependendo do contexto da palavra pode ser equivalente a um "jota" ou "i" das nossas letras latinas. O trecho está em Mateus cap. 5 versículo 18:

   "Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um iota, um traço da lei."

   Essas letras com esse estilo são modernas, nem sempre os judeus usaram elas nas suas escritas, na verdade eles usaram os alfabetos de outros povos antes de criarem seu próprio alfabeto. A tradição costuma atribuir a invenção das letras hebraicas com essa forma usada atualmente ao escriba Esdras que teria vivido em meados de 600 a.C. e após o a libertação dos judeus do cativeiro na Babilônia pelo rei Ciro, ele ou mais provavelmente um grupo de eruditos possivelmente formularam letras com formas semelhantes a essas atuais. Mais de um alfabeto deve gratidão ao fenício, pois, além das letras gregas (que segundo o mito vieram do alfabeto fenício levado á Grécia pelo príncipe fenício Cadmo) as letras hebraicas também se basearam nelas. Veja o alfabeto fenício:

   A Fenícia se localizava no extremo Oriente do Mediterrãneo, portanto, é de se supor que tenha influenciado Abraão que habitou em Canaã próximo dali. Um midrash (interpretação da Torá de acordo com a tradição dos rabinos) diz: "as letras não foram dadas a nenhum outro senão Abraão." A variação de caracteres que se assemelha as letras fenícias e fica um pouco próxima as hebraicas modernas é chamada de "hebraico de Canaã" e foi usada pelos hebreus da região. Certas pedras com inscrições em "hebraico de Canaã" foram encontradas na América do Norte o que certamente deixou os historiadores e arqueólogos tradicionais de cabelo em pé sem saber como explicar esse fio solto da história. Hebreus teriam viajado do Velho Mundo para a América antes do "descobrimento"? Essa é uma possibilidade desconcertante para os tradicionalistas e a tradição da Igreja dos Santos dos Últimos Dias mais conhecidos como Mórmons confirma que haviam grandes grupos hebraicos na América do Norte antes da chegada dos descobridores. Fica para os pesquisadores do ramo explorar essa área.
   Devido as letras hebraicas terem cada uma um valor numérico, os cabalistas fazem várias codificações com elas. Uma palavra tem certo valor numérico e os cabalistas consideram que outra palavra com valor numérico igual tem o mesmo "peso" simbólico. Há varias outras codificações como o chamado "atbash" que extrai uma palavra de outra considerando uma sequência invertida do alfabeto hebraico, essas várias codificações são matéria para outro post.
   Como já foi dito em outros pontos, é no livro "Sêfer Ystsirá" que as letras hebraicas são mais consideradas e manipuladas para propósitos ocultos. No post anterior eu mencionei a atribuição a Abraão como suposto autor desse livro que muitos cabalistas consideram, mas, naturalmente não é exato. O Sêfer Yetsirá considera as letras hebraicas modernas e as classificações modernas dessas letras, certamente Abraão não conhecia elas dessa forma, mas, a base do conhecimento de manipulação de letras para propósitos ocultistas é muito provável que ele tivesse conhecido, talvez de iniciados da Caldéia ou de outra parte da Mesopotâmia. Dentro do contexto do Sêfer Yetsirá as 22 letras hebraicas são consideradas essências fundamentais usadas por Deus para a criação do plano material, assim, ao manipular essas letras através das técnicas desse livro o adepto está manipulando os arcanos universais da criação e a combinação delas entre si é "obra de criação" para dar forma a algo ("Sêfer Yetsirá" significa "livro da formação" ou "criação"). É matéria pra outro post aprofundar em explicações sobre esse livro, mas, basicamente existem quatro versões mais consideradas pelos cabalistas modernos e no geral todas são livros pequenos em tamanho, mas, muito "pesados" por se tratar de conhecimentos arcanos. O cabalista Abraham Abuláfia (1240-1291) diz em sua auto biografia que a iniciação ao Sêfer Yetsirá foi uma das mais marcantes de sua vida. Em suas práticas ocultas ele costumava recitar as letras e combinações delas fazendo movimentos específicos com a cabeça de acordo com os pontos vocálicos, movimentava de acordo com a direção que esses pontos eram colocados nas vogais. Suas técnicas se praticadas corretamente eram capazes de induzir a estados meditativos muito avançados, um tanto perigosos de serem tentados por amadores mas próximos ao estado "de profecia" levando a experiências místicas bastante profundas. Arieh Kaplan menciona que Abuláfia se baseava em técnicas antigas e que essa é uma vertente específica da cabala cujos livros e manuscritos são mantidos em segredo pelos seus adeptos. Assim encerro esse post tendo apresentado algumas considerações sobre as letras hebraicas.

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