terça-feira, 24 de julho de 2018

CODIFICAÇÕES  CABALÍSTICAS  DE  LETRAS  E  NÚMEROS

   Olá a todos! Nos posts anteriores eu falei mais sobre o simbolismo de certos elementos do judaísmo, nesse vou falar de algumas técnicas usadas na cabala o segmento esotérico do judaísmo.
   Eu já li e ouvi muitos comentários de pessoas que despertam algum interesse por cabala por causa das codificações de letras e números muito associadas a cabala, existem até pessoas leigas no assunto que pensam que cabala se resume a essas codificações o que não é correto, talvez essa seja a origem da expressão "números cabalísticos". Posso afirmar que de fato essas codificações e permutações de letras e números tem muita importância na cabala mas tais codificações seguem padrões e fórmulas, falarei de algumas nesse post.
   As letras são muito consideradas na cabala, especificamente as letras hebraicas com as quais a Torá foi escrita, para ter uma noção da origem dessas letras recomendo aos leitores darem uma olhada em um post anterior desse mesmo blog intitulado "O  ALFABETO  HEBRAICO". Na tradição judaica cada uma das 22 letras tem um valor numérico, veja essa tabela com as 22 letras hebraicas e o valor numérico de cada uma:

   É importante explicar que as 22 letras tradicionais vão até a letra "tav" cujo valor é 400, as cinco letras depois dessa nessa tabela são outras versões das chamadas "letras duplas" que tem formas diferentes quando estão no meio ou no fim das palavras, nesse caso essa tabela mostra a forma das letras do final das palavras "caf" valor 500, "mem" valor 600, "num" valor 700, "phê" valor 800 e "tsadik" valor 900, por isso essas letras quando estão no início ou meio das palavras tem outra forma e outro valor numérico. Considerando-se que cada letra hebraica tem um valor, então os cabalistas somam o valor numérico das letras de uma palavra, dessa forma eles encontram o valor numérico de uma palavra. Usando esse método é possível encontrar o valor numérico de qualquer palavra mas deve estar escrita em hebraico com letras hebraicas. Quando se encontra o valor numérico de uma palavra, o cabalista compara ao valor numérico de outra palavra, se for o mesmo número então ele considera que essas duas palavras são equivalentes mesmo que sejam palavras que não tenham nada a ver uma com a outra, por terem o mesmo valor numérico se considera que elas tem a mesma "essência". Esse método de codificação é muito usado pelos cabalistas e é chamado de "gematria". 
   Um outro método de codificação muito usado pelos cabalistas é o chamado de "notarikon". Esse método é bem simples e consiste em pegar as primeiras letras ou sílabas de uma frase e formar uma palavra só. Os judeus usam para se referir ao livro de Gênesis chamando-o de "Bereshit" pois é a primeira frase desse livro "No princípio" formada pela letra "beth" que significa "no" ou "na" e "reshit" formada pelas letras "resh", "alef", "shim" "iod" e "tav" que significa "início" ou "cabeça". Outra forma de uso de notarikon é como os judeus se referem ao conjunto de seus livros sagrados, eles costumam chamar de "Tanakh" que é a forma abreviada de "Torá" que significa "ensino" e consiste nos primeiros cinco livros bíblicos chamados de Pentateuco pelos cristãos, "Nevin" que significa "profetas" se refere aos livros bíblicos que tem por título o nome dos profetas e "Ketuvim" que significa "escritos" se referindo aos demais livros como Salmos por exemplo. Esse método costuma ser aplicado como sinal de grande distinção aos nomes dos grandes cabalistas por exemplo: o rabino cabalista Moisés Cordovero ganhou o título de RAMAC composto das letras "resh" "mem" e "cof" iniciais de "Rabi Moses Cordovero" em hebraico. O rabino cabalista Isaac Luria ganhou o título de ARI em hebraico as letras "aleph" "resh" "iod" iniciais de "Elohi Rabênu Yits'chac" que significa "divino mestre Isaac". ARI também significa "leão" em hebraico por isso ás vezes é chamado de "Leão de Safed" em referência a cidade de Safed onde viveu. O rabino cabalista Judá Loew ben Betzalel ganhou o título de Maharal formado das iniciais da expressão "Moreinu Ha-Rav Loew" que significa "nosso professor rabi Loew". 
   Outro método de codificação cabalística é o chamado "atbash" que consiste em pegar uma palavra e considerar as letras dessa palavra equivalentes em uma sequência invertida da sequência tradicional de alfabeto hebraico. Por exemplo: a palavra "pai" em hebraico é "aba" composta das letras "aleph" "beth" "aleph", aplicando-se a codificação "atbash" "aba" se transformaria em uma palavra composta das letras "tav" "shim" "tav" pois no método "atbash" a letra equivalente a "aleph" que é a primeira na sequência normal do alfabeto hebraico seria a última letra "tav" e a letra "beth" que é a segunda na sequ~encia normal seria equivalente a letra "shim" que é a penúltima na sequência normal do alfabeto hebraico. 
   Em relação a "permutação de letras" trata-se de técnicas para formar combinações diferentes das letras de uma palavra. Essa técnica é usada para se alcançar a essência mais profunda de uma palavra e estados meditativos. O adepto escreve uma palavra em hebraico e depois escreve todas as possíveis variações dessa palavra com as letras dela em diferentes posições. O cabalista Abraham Abuláfia considerava essa técnica a melhor para se entrar em estados meditativos profundos. Uma variação desse método é pegar uma palavra e permutá-la, o mesmo que combiná-la, com outra palavra o máximo de combinações diferentes possíveis. Técnicas assim podem ser feitas verbalmente para se induzir a estados meditativos e era o que Abuláfia fazia, mas, deve-se ter cautela ao se fazer permutações verbais com nomes divinos típicos da tradição cabalística como o tetragrama e Adonai por exemplo. O local onde permutações de letras é mais requisitado é nas técnicas práticas relacionadas ao livro "Sêfer Yetsirá" nessas técnicas as letras podem ser permutadas verbalmente ou se visualizando as combinações delas para propósitos ocultos. Assim encerro algumas explicações sobre codificações de letras e números típicas da cabala. 
   

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