domingo, 29 de julho de 2018

O  QUE  É  A  "ÁRVORE  DA  VIDA"?

   Olá pessoal! Vou falar nesse post sobre um diagrama que costuma ser reconhecido até pelos leigos como estando relacionado a cabala, o diagrama conhecido como "árvore da vida".
   Existem inúmeras variações desse diagrama, mas a mais simples é a forma de dez bolinhas (chamadas de "séphirot" embora eu costume usar mais o termo "séfiras") ligadas por "caminhos" e algumas representações desse diagrama apresentam uma décima primeira séfira representada oculta chamada "daath". Eu escolhi uma forma bem simples desse diagrama para a capa do meu livro veja:
   Não se sabe ao certo qual a origem desse diagrama. Alan Moore em sua pesquisa para um livro tipo "grimório" disse que os gregos seguidores de Pitágoras já conheciam a árvore da vida porém com apenas sete séfiras e que os judeus acrescentaram mais três para formar dez que é um número mais significativo para eles pois está relacionado aos dez mandamentos. O que se sabe é que esse conhecimento permaneceu preservado apenas oralmente e durante muito tempo ninguém escreveu sobre isso, apenas em meados da Idade Média e Renascença que alguns cabalistas escreveram, publicaram e comentaram sobre a árvore da vida. 
   É possível distinguir elementos altamente significativos na forma básica desse diagrama, um deles a imagem chamada "flor da vida" é uma imagem básica na formação das formas da natureza, a flor da vida:
   Entre outros lugares da natureza, essa é a forma que surge quando as células do nosso corpo estão se dividindo após a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Em uma imagem ampliada formada por várias flores da vida lá se torna visível facilmente uma estrutura da árvore da vida, veja:
   Especula-se que os nomes das séfiras tenham sido extraídos da Torá quando nela se menciona termos como "fundamento" (séfira "yessod"), entendimento (séfira "chocmá") ou reino (séfira "malcut"). Um dos trabalhos responsáveis por tornar a árvore da vida, as séfiras e os "nomes divinos" relacionados ás séfiras públicos é o livro "Portões de Luz" do rabino cabalista Josef Gikatalia (1248-1323) tal livro foi um dos primeiros a difundir princípios cabalísticos ao grande público, foi publicado em latim e influenciou muitos cabalistas cristãos, capa dele:
   Gikatalia estudou com Abraham Abuláfia (1240-1291) um dos maiores cabalistas e Abuláfia elogia a inteligência de Gikatalia em um de seus escritos. Na minha opinião, um dos melhores trabalhos que explicam as muitas formas de se aplicar os conceitos do diagrama da árvore da vida é o livro "A Árvore da Vida" de Shimon Halevi:
   Uma das aplicações desse diagrama é como método de implantação, refinamento e uso otimizado de qualquer projeto. Concebe-se uma ideia qualquer e aplica-se esse projeto no diagrama começando pela séfira mais baixa "malcut" e então vai se aperfeiçoando esse conceito subindo e passando pelas outras séfiras até que se atinge o aperfeiçoamento dessa ideia e se manifesta ela da melhor maneira possível em nosso plano material. Alguns conceitos básicos desse diagrama (para explicações mais aprofundadas recomenda-se os livros citados) é que a árvore tem basicamente três pilares, cada pilar representa um princípio e as séfiras de cada um desses pilares estão alinhadas com esse princípio. O pilar da direita representa a "misericórdia" o desejo de compartilhar, o pilar da esquerda representa a "severidade" a auto-crítica e o pilar do centro representa o "equilíbrio" entre o desejo de compartilhar e de se acumular para si. Como cada séfira representa um princípio, é possível fazer muitas associações á cada uma delas como associá-las a deuses pagãos por exemplo por causa dos aspectos de cada uma. Tradicionalmente cada uma delas é associada a um "nome de Deus" em hebraico como "Adonai", "Eloim" e outros. Outros atributos das séfiras é a cores distintas, astros relacionadas a característica de cada uma, e inclusive os "caminhos" também chamados "túneis" que ligam as séfiras a cada um é associado uma das 22 letras hebraicas. Interpretações modernas também associam cada uma das 22 cartas do tarô á esses caminhos. Essa ilustração mostra todos vários desses atributos do diagrama:
   Abuláfia havia notado uma mistificação exagerada desse diagrama semelhante a uma quase idolatria dizia: "-Os cristãos acreditam nos três (conceito de "Trindade") e os outros acreditam nos dez (as séfiras)." Mais do que isso, ele dizia que os conceitos da árvore da vida e os conceitos relacionados ao livro "Sefêr Yetsirá" eram escolas diferentes, assim, havia uma "cabala das séfiras" e uma "cabala das letras". Entretanto, isso não significa que ele descartasse os conceitos da árvore da vida, ele entendia que poderiam ser usados como uma escala para se atingir estados meditativos específicos, dos mais baixos até os mais elevados. 
   Como tudo no universo possui um lado positivo e um lado negativo, também a árvore da vida possui uma versão negativa, é a chamada "árvore da morte" onde são consideradas os aspectos negativos das séfiras. Esse sistema é o usado na ordem esotérica "Dragon Rouge" é a chamada "cabala draconiana", veja os nomes associados as séfiras nesse sistema:
   Na Dragon Rouge os adeptos são estimulados a encararem seus próprios aspectos negativos e com responsabilidade ao invés de os reprimirem. Para saber mais sobre esses conceitos da cabala draconiana recomendo o livro "A Cabala Draconiana" escrito por Adriano Camargo Monteiro, brasileiro que atingiu graus elevados na Dragon Rouge:
   Muitas são as interpretações e aplicações da árvore da vida, novamente recomendo aos interessados que estudem as obras citadas e se aprofundem nelas para compreenderem melhor os conceitos e interpretações da árvore da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário